Minha lista de blogs

domingo, 16 de outubro de 2011

O LINGUAJAR CEARENSE - Josenira de Lacerda - Cordelista do Crato-CE


   Se alguém é desligado
  É chamado de bocó
  Broco, lerdo e abestado
  Azuado ou brocoió
  Arigó e Zé Mané
  Sonso, atruado, bilé
  Pomba lesa e zuruó
  Artigo novo é zerado
  Armadilha é arapuca
  O doido é abirobado
  Invencionice é infuca
  O matuto é mucureba
  Qualquer ferida é pereba
  Mosquito grande é mutuca

  Quem muito agarra, abufela
  Briga pequena é arenga
  Enganação, esparrela
  Toda prostituta é quenga
  Rapapé é confusão
  De repente é supetão
  Insistência é lenga-lenga
  Qualquer tramóia é motim
  Solteira idosa é titia
  Mosquitinho é mucuim
  Recipiente é vazia
  Meia garrafa é meiota
  O exibido é fiota
  Travessura é istripulia
  B! ebeu muito é deodato
  Brisa leve é cruviana
  O sujeito otário é pato
  Cigarro curto é bagana
  Fugir é capar o gato
  O engraçado é gaiato
  Quem vai preso tá em cana
  Ter mesmo nome é xarapa
  Muito junto é encangado
  Água com açúcar é garapa
  Cor vermelha é encarnado
  Muita coisa dá mêimundo
  Sendo Mundim é Raimundo
  Valentão é arrochado
  A rede velha é fianga
  Com raiva é apurrinhado
  Careta feia é munganga
  Baitinga é o mesmo viado
  O bom é só o pitéu
  Bajulador, xeleléu

  Sem jeito é malamanhado
  Bater fofo é não cumprir
  Etecetera é escambau
  Sujar muito é encardir
  Quem acusa, cai de pau

  Confusão é funaré
  Carta coringa é melé
  Atacar é só de mau
  Qualquer botão é biloto
  Mulher difícil é banqueira
  Pequenino é pirritoto
  Estilingue é baladeira

  Qualquer coisa é birimbelo
  Descorado é amarelo
  Sem requinte é labrocheira
  Um perigo é boca quente

  Porco novo é bacurim
  Atrevido é saliente
  Quem não presta é croja ruim
  Dedo duro é cabuêta
  A perna torta é zambêta
  Coisinha pouca é tiquim
  Parteira era cachimbeira
  Dar mergulho é tibungar
  Tem cucuruto, moleira
  Olhar demais é cubar
  Tem ainda ternontonte
  Que vem antes do antonte

  Ver de soslaio é brechar
  Quem briga bota boneco
  Sem valor é fulerage
  Copo pequeno é caneco
  Estrada boa é rodage

  O tristonho é capiongo
  Galo ou inchaço é mondrongo
  E a ralé é catrevage
  O velho ovo estrelado
  É o bife do oião
  Nervoso é atubibado
  Repreender é carão

  O zarôlho é caraôi
  Enviezado, zanôi
  Inquieto é friviã! o
  A perna fina é cambito
  Dar o fora é azular
  Muito magrelo é sibito
  Pisar manco é caxingar

  Rêde pequena é tipóia
  Tudo bem é tudo jóia
  Fazer troça é caçoar
  A expressão "dá relato"
  Que atinge mais de légua
  "Tá ca peste!" "Só no Crato!"
  "Vôte", "Öxente!" e "Aarre égua!"

  "Corra dentro!" " Qué cirmá? "
  "É de rosca? "É de lascar!"
  Se é muito longe, arrenego
  Que Deus do céu nos acuda
  É pra lá da caixa prego

  Lá no calcanhar do juda
  Nas bimboca ou cafundó
  Nas brenha ou caixa bozó
  Onde o vento a rota muda
  Se é cheia de babilaque
  É ispilicute ou dondoca
  Ligeiro é "que nem um traque"
  Agachado é tá de coca
  Sem rumo é desembestado
  O faminto é esguerado
  Bolha na pele é papoca
  Chamuscado é sapecado
  Nuca, cangote é cachaço
  Meio tonto é calibrado
  A coluna é espinhaço
  Se está adoentado
  Tá como diz o ditado:
  "da pucumã pro bagaço"
  Cearense tem mania
  Chama todo mundo Zé
  Zé da onça, Zé de tia
  Zé ôin ou Zé Mané
  Zé tatá ou Zé de Dida
  Achando pouco apelida
  Um bocado de Zezé
  Fazer goga é gaiofar
  O que é longo é cumprissaio
  Provocar é impinjar
  Toda pilôra é desmaio
  Salto ligeiro é pinote
  Bando, turma é um magote
  Cesto sem alça é balaio
  A comidinha caseira
  Tem fama no Ceará
  Tipicamente brasileira
  Faz o caboco babar
  No bar do Mané bofão
  Pau do guarda, panelão
  O cardápio vou citar:
  Sarrabulho, panelada
  Mucunzá e chambari
  Tripa de porco, buchada
  Baião de dois com piqui
  Tem pão de milho e pirão
  Carne de sol com feijão
  Tijolo de buriti
  Quem é ruivo é fogoió!

  O tristonho é distrenado
  Tornozelo é mocotó
  Cheio de grana, estribado
  Jarra de barro é quartinha
  O banheiro é a casinha
  Sem saída, "tá pebado"
  A bebida e o seu rol
  No Ceará todo habita
  A fubuia e o merol
  A truaca e a birita
  Amansa sogra ou quentinha
  A meropéia e a mardita
  O picolé no saquinho
  Aqui se chama dindin
  Se é o dedo menorzinho
  É chamado de mindin
  Riso sonoro é gaitada
  Confusão é presepada
  Atrevido é saidin
  Papo longo e sem valor
  É "miolo de pote"
  Muito esperto é vivedor
  Adolescente é frangote
  Soldado raso é samango
  A lagartixa é calango
  O tabefe é cocorote
  A lista é quase sem fim
  Não cabe num só cordel
  Tem alpercata, alfinim
  Enrabichada e berel
  Chué, baé, avexado
  Bãe de cúia, ôi bribado
  Quebra-queixo e carritel
  Tem visage, sarará
  Tem bruguelo e inxirido
  Rabiçaca e aluá
  Ispritado e zói cumprido
  Bunda canastra, lundu
  Dona encrenca, sabacu
  Bonequeiro e maluvido
  O caerense é assim:
  Dá cotoco à nostalgia
  A tristeza leva fim
  Na cacunda da euforia
  dá de arrudei na carência
  enrola a sobrevivência
  e embirra na alegria.

Aqui no Ceará é assim!!!!!



Nenhum comentário:

Postar um comentário